Símbolo da cultura e da gastronomia acreana desde 1966, um ponto de encontro de sabores e histórias
Enquanto a cidade repousa, o Mercado do Bosque desperta, inebriando a todos pelo cheiro forte do café passado na hora. Ali, o tempo parece seguir outro ritmo. O silêncio das ruas dá lugar às conversas animadas, ao som das panelas e ao aroma inconfundível da culinária acreana.
O Mercado do Bosque, gerido pela Prefeitura de Rio Branco é um dos lugares mais movimentados de Rio Branco. Durante o dia, recebe moradores em busca de produtos regionais e refeições típicas; já à noite e de madrugada, torna-se o destino certo de quem sai de festas e bares em busca de um prato quentinho.
O Mercado do Bosque, gerido pela Prefeitura de Rio Branco é um dos lugares mais movimentados de Rio Branco. (Foto: Vitória Souza/Secom)
O ambiente é marcado pelo cheiro do café fresco, do mingau de banana tão apreciado e das comidas preparadas na hora, que fazem do espaço um verdadeiro cartão-postal gastronômico da capital acreana. Mais do que um espaço comercial, o Mercado do Bosque é um ponto de encontro cultural e gastronômico.
O ambiente é marcado pelo cheiro do café fresco, do mingau de banana tão apreciado e das comidas preparadas na hora. (Foto: Marcos Araújo/Secom)
Fundado em 1966, na gestão do prefeito Adauto Brito da Frota, foi o primeiro mercado instalado no 1º Distrito. Sua criação atendeu à necessidade de escoar a produção das colônias agrícolas e abastecer os moradores do bairro, que crescia junto com a capital acreana. Desde então, tornou-se referência e orgulho para os rio-branquenses.
Fundado em 1966, na gestão do prefeito Adauto Brito da Frota, foi o primeiro mercado instalado no 1º Distrito. Imagem do Prefeito Adauto Frota. (Foto: Acervo/ Secom)
Em 2002, o mercado ganhou oficialmente o nome de Álvaro Vieira da Rocha, jornalista e boêmio que marcou época com o evento “Skol com Frutas”, onde se reunia com amigos para cantar e tocar violão até o amanhecer. A homenagem reforça o espírito livre e cultural que o espaço representa. Conhecido por muitos como “Alvarozinho” foi um grande humorista acreano das redações de jornais, estúdios de rádio e televisão, escritórios governamentais, da Emater e botecos da cidade, sendo um frequentador assíduo do Mercado do Bosque.
Álvaro Vieira da Rocha, jornalista e boêmio que marcou época com o evento “Skol com Frutas”. (Foto: Internet)
Onde a juventude encontra a tradição
Na madrugada, a juventude encontra no Mercado do Bosque o lugar perfeito para se recuperar das festas degustando iguarias típicas. A mais famosa delas é a Baixaria, prato símbolo da gastronomia local, feito com pão de milho, carne moída, ovo frito e vinagrete. Sua origem é envolta em histórias curiosas: dizem que um peão faminto pediu “o que tivesse para comer” e recebeu uma mistura improvisada, que ele batizou com uma pergunta “quanto custa essa baixaria toda?” — e o nome pegou.
A mais famosa delas é a Baixaria, prato símbolo da gastronomia local, feito com pão de milho, carne moída, ovo frito e vinagrete. (Foto: Marcos Araújo/Secom)
Além da Baixaria, brilham no cardápio o mingau de banana ou tapioca, o bolo de macaxeira, os charutos, os quibes de arroz e de macaxeira, as tapiocas recheadas e os sucos naturais. Cada prato carrega um pedaço da memória afetiva do Acre e faz do mercado um ponto de parada obrigatória para quem visita à cidade.
A história do bairro Bosque
O surgimento do bairro Bosque está ligado ao período pós-Batalha da Borracha, quando Rio Branco passou a receber novos equipamentos públicos e colônias agrícolas. A abertura da Avenida Getúlio Vargas foi determinante para a valorização da região.
Primeira fotografia do Mercado do Bosque. (Foto: Acervo/Secom)
A área, antes ocupada por bosques e pela antiga Fazenda Araripe, transformou-se em bairro e, com o aterro de um açude, nasceu a Rua Coronel Alexandrino, endereço que abrigaria o hoje tradicional Mercado do Bosque.
Vozes da tradição
O historiador e escritor José Wilson resume a importância do espaço: “O Mercado do Bosque é um dos lugares mais tradicionais de Rio Branco e um verdadeiro patrimônio da cidade. Ele é único porque não fecha nunca: funciona 24 horas, todos os dias da semana, mantendo viva a tradição de acolher quem busca nossas comidas típicas, seja de manhã, à tarde, à noite ou de madrugada. Quem sai de uma festa ou termina um dia de trabalho sabe que vai encontrar o mercado aberto, pronto para receber com o sabor da nossa cultura. A homenagem ao jornalista Álvaro Vieira da Rocha também reforça esse espírito boêmio e popular, tornando o Bosque um símbolo da identidade rio-branquense”, explicou.
“O Mercado do Bosque é um dos lugares mais tradicionais de Rio Branco e um verdadeiro patrimônio da cidade. Ele é único porque não fecha nunca: funciona 24 horas”, explicou José Wilson. (Foto: Val Fernandes/Secom)
O comerciante Ari de Araújo, permissionário desde os anos 1980, relembra os primeiros dias. “Quando cheguei aqui, o mercado ainda era de madeira. Depois veio a reforma em alvenaria e a gente pôde crescer. Hoje, o que mais procuram são os produtos tradicionais: mel, rapadura, galinha caipira, charque, pirarucu, banana da região e a farinha de Cruzeiro do Sul”, ressaltou.
“Quando cheguei aqui, o mercado ainda era de madeira. Depois veio a reforma em alvenaria e a gente pôde crescer”, ressaltou o comerciante Ari de Araújo. (Foto: Vitória Souza/Secom)
Já Ester Silva, proprietária do tradicional Café Duas Irmãs, mantém há mais de 40 anos o legado da mãe, dona Luiza, carinhosamente chamada de Vozinha.
Já Ester Silva, proprietária do tradicional Café Duas Irmãs, mantém há mais de 40 anos o legado da mãe, dona Luiza, carinhosamente chamada de Vozinha. (Foto: Vitória Souza/Secom)
“Cuido desse espaço até hoje com muito carinho. Os pratos mais procurados continuam sendo a baixaria, a tapioca recheada e os quibes de arroz e macaxeira. É o sabor da nossa cultura que se perpetua”, pontuou.
O Mercado hoje
Atualmente, o Mercado do Bosque vai além da comida. Além das bancas e restaurantes, abriga lojas de assistência técnica, espaços de beleza, pequenos comércios e serviços variados, mantendo sua relevância como centro pulsante de economia e convivência.
Atualmente, o Mercado do Bosque vai além da comida. Além das bancas e restaurantes, abriga lojas de assistência técnica, espaços de beleza, pequenos comércios e serviços variados. (Foto: Vitória Souza/Secom)
Mais do que um ponto comercial, o Bosque é um símbolo de Rio Branco, que une passado e presente, tradição e modernidade. Seja para tomar café da manhã após uma madrugada de festa, para almoçar um prato típico ou apenas para caminhar entre os cheiros e sabores da cidade, o Mercado do Bosque é parada obrigatória.