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Conselho de Secretários de Educação de Capitais conclui encontro no ES

Encontro reuniu representantes na cidade durante dois dias (Foto: Assecom)

Vitória ES concluiu, nessa sexta-feira (24), um evento de grande relevância: o encontro do Conselho Nacional dos Secretários de Educação das Capitais (Consec), que reuniu representantes na cidade durante dois dias para discutir o tema do ensino em tempo integral.

No primeiro dia da visita, na quinta-feira (23), os gestores foram conduzidos em visitas guiadas a duas referências: o Centro Municipal de Educação Infantil em Tempo Integral (Cmei TI) Silvanete da Silva Rosa Rocha, no bairro Grande Vitória, e a Escola Municipal de Ensino Fundamental em Tempo Integral (Emef TI) Paulo Reglus Neves Freire, em Inhanguetá. Nas unidades de ensino, os secretários foram recebidos pelos estudantes acolhedores.

O propósito da visita dos secretários foi permitir que os gestores conhecessem não apenas a estrutura dessas unidades de ensino, mas também as metodologias pedagógicas utilizadas por elas. Ao final do dia, uma roda de conversa reuniu os secretários, além de diretores e professores das unidades em tempo integral da rede municipal, abordando eixos norteadores do ensino integral, ações de protagonismo dos estudantes e outros temas pertinentes à temática, Na sexta-feira pela manhã, o encontro foi no formato mesa-redonda e aconteceu no Hotel Golden Tulip, na Enseada do Suá, com gestores de Vitória, Fortaleza e Curitiba compartilhando as experiências de seus municípios no ensino integral numa enriquecedora troca de ideias. Já a parte da tarde foi reservada para tratativas internas do Consec.

Colaboração

O encontro foi marcado pela colaboração mútua entre as diferentes capitais, visando superar desafios comuns enfrentados na educação básica. “Nós entendemos que o Consec é uma rede que se fortalece, porque alguns desafios brasileiros são comuns em todos os territórios. E a partir desses desafios, a gente está trocando soluções e trazendo a inovação para nossa cidade”, analisou a secretária municipal de Educação de Vitória, Juliana Rohsner.

A gestora ressaltou ainda a complexidade própria das grandes cidades, enfatizando o potencial e a importância de serem vitrines para políticas públicas educacionais.

“As capitais têm uma complexidade muito própria, elas em geral têm um número de estudantes grande em suas redes e isso traz diversas complexidades. Mas também traz muita potencialidade. As capitais também passam a ser vitrines. E isso é importante para que a política pública de forma geral caminhe junto. A gente não está aqui competindo numa educação, mas criando um movimento e uma rede de colaboração para que todas as crianças brasileiras adquiram as competências de leitura, de escrita, de matemática, habilidades necessárias que façam sentido. Então, eu penso que quando a gente se fortalece, a gente está fortalecendo o Brasil”, ponderou a secretária da capital capixaba.

A secretária de Educação de Curitiba e presidente do Consec, María Silvia Bacila, enfatizou a relevância de criar um conselho para os secretários de Educação das capitais, destacando os desafios únicos enfrentados por essas cidades em comparação aos demais municípios. “Nós nos sentíamos, desde o final da pandemia, muito solitários”, disse.

Ela explicou que a necessidade de trocas e partilhas entre gestores levou à formação do Consec no início de 2022, reunindo secretários que buscavam apoio e compreensão mútua. “Cada um dos encontros trouxe mais adesões ao grupo, pois os secretários se sentiam acolhidos e compreendidos pelas mesmas necessidades e complexidades enfrentadas”, avaliou a presidente do Consec.

Atualmente, todas as capitais fazem parte do Consec, e a secretária avaliou a experiência como fundamental, especialmente ao participar de imersões como a realizada em Vitória. “Como sempre, as experiências imersivas são fundamentais, porque nós aprendemos fundamentalmente pelas experiências que temos. E essas experiências, em que nós podemos conversar, refletir sobre os processos que as cidades vivem com as suas unidades, com os seus gestores, isso nos fortalece em nossos processos de gestão quando nós voltamos para as nossas realidades”, destacou Bacila.

Convidados

Também participaram do evento o superintendente do Espírito Santo em Ação, Luciano Gollner, e Thereza Paes Barreto, diretora pedagógica do Instituto de Corresponsabilidade pela Educação (ICE), além das subsecretárias da Secretaria Municipal de Educação (Seme) de Vitória, Fabíola Risso e Luana Lemos, e outros profissionais da Seme, como o assessor jurídico Trajano Ferreira e a coordenadora do Tempo Integral, Silvana Teixeira.

O Instituto de Corresponsabilidade pela Educação (ICE) compartilhou sua vasta experiência em todo o Brasil, tanto em estados quanto em municípios, ao avaliar a implantação de escolas em tempo integral. Segundo a diretora pedagógica do ICE, Thereza Paes Barreto, existem diferenças perceptíveis entre as capitais e os demais municípios, a começar pelo número de escolas e pela infraestrutura das unidades de ensino, mas especialmente no engajamento e na permanência dos alunos.

“Nas cidades menores, a adesão costuma ser maior entre professores, alunos e suas famílias, enquanto nas capitais isso pode ser um desafio maior. No entanto, em termos de recursos e empenho, não há distinção significativa. O compromisso dos secretários em efetivar políticas educacionais é fundamental, independente de estarem em capitais ou municípios menores”, explicou.

A diretora destacou ainda a relevância do currículo no ensino integral, enfatizando a necessidade de se compreender que a ampliação do tempo na escola é uma estratégia para viabilizar o currículo, mas não é o currículo em si.

“A expansão do tempo é importante para assegurar esse currículo, que deve ser extremamente inovador, diferente, porque posiciona o estudante no centro das suas decisões e assegura condições para que ele atue como um protagonista da sua própria vida. Então deve ser um currículo diferente, não pode ser o currículo que usualmente a gente conhece. E quando falo em currículo falo também na postura dos profissionais dentro da escola e nessa outra forma de se relacionar não só com o conhecimento, mas com os próprios estudantes também. Então acho que o aspecto relevante do currículo, primeiramente, é isso, entender que o tempo não é o currículo, o tempo é estratégia.

E o currículo precisa ser inovador, precisa romper alguns paradigmas tanto na teoria quanto no método”, detalhou a diretora do ICE.

A opinião deles

“Nós somos de Rio Branco, do Acre, e já deve ser o quarto ou quinto encontro que eu participo. E é de suma importância pelas experiências, a troca de experiências que se dá entre os secretários, entre as capitais. Como hoje a política nacional trata-se de escola de tempo integral, alfabetização, então esses são os temas que estão bem atuais e a gente procura se aprofundar cada vez mais. Em Rio Branco, nós só temos duas escolas de tempo integral. Mas nós já estamos fazendo um estudo com a Diretoria de Ensino para que a gente possa ampliar em 2024 muito mais escolas. Aqui em Vitória, por exemplo, nós estivemos ontem no Cmei e na Emef, e a gente viu experiências fantásticas com trabalhos que eles fazem aqui, trocas de experiências, entre até os próprios professores, os alunos. A gente procura ver justamente para poder, aquilo que é bom, com certeza nós vamos também avançar”.

Nabiha Bestene Koury, secretária municipal de Educação do Rio Branco, Acre

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